No final de 1992, eu já estava escalado para fazer Renascer, de Benedito Ruy Barbosa, que estrearia no ano seguinte. Não pude imaginar exatamente o que queria dizer o astrólogo com "polêmico", quando se referiu a Zé Venâncio, meu futuro personagem. Lá pelo capítulo 50 ou 60, me tiraram da novela. Descontentes comigo, com minha atuação ou com ambas as coisas, me jogaram para fora do barco sem colete salva-vidas. Eu fiz o que pude. Engoli muita água e quase me afoguei. O mar estava de ressaca e as ondas eram imensas. Ao meu redor passavam outros barcos, mas ninguém interessado em me tirar dali. Ninguém me reconhecia, ninguém lembrava do Urubu, do Laio, do Lucas ou do Tuca Maia. Vindo em minha direção avistei a embarcação da revista Veja. O capitão ou marinheiro, sei lá quem era aquele cara, estende um remo que tento agarrar pensando estar a salvo; mas não, era uma emboscada. Ele dá com o remo na minha cabeça até que eu afunde para, em seguida, orgulhoso, dono da verdade, defensor dos telespectadores, decretar: está morto!
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